Perturbação
Barulho na rua Dom Pedro II gera reclamação de moradores
Aglomeração ocorre toda quarta-feira, no trecho entre Gonçalves Chaves e Santa Cruz, próximo a bares
Foto: Divulgação - A cada quarta-feira, número de pessoas no local aumenta, segundo moradores da região
Áudios dos moradores das ruas Dom Pedro II, Gonçalves Chaves e Santa Cruz dão a tônica do desespero de quem vive ali após mais uma madrugada em que dormir foi difícil. O motivo foi a aglomeração de pessoas em torno dos bares da região, somado a um carro que estava com o som em alto volume. Denominada pelo vizinhos como “a festa na rua”, a da última quarta durou até às 5h30mim desta quinta (25), causando transtorno para quem não conseguiu dormir a noite toda e tinha um dia inteiro de trabalho pela frente. Esta não é a primeira matéria de reclamações sobre aglomeração neste local, como também em outros, como a avenida Bento Gonçalves e o entorno da Praça da Alfândega, que o DP publica. Os casos continuam em todos.
Morador da rua Santa Cruz, que prefere não se identificar em razão de possíveis represálias, disse que acionou a Brigada Militar e que a resposta que obteve é que não havia segurança para os policiais, já que no local havia mais de 250 pessoas. “Sem contar que colocam cavaletes fechando a rua Gonçalves Chaves, o que propicia ainda mais o acúmulo de gente no local. É um absurdo o que acontece aqui e nada é feito”, disse.
Moradora da rua Dom Pedro II, informou que também chamou a polícia e a resposta que obteve foi a mesma: que não poderiam fazer nada pois era muito grande o número de pessoas no local. “Não sabemos mais o que fazer. Tentamos de tudo, polícia, Prefeitura, Ministério Público e não acontece nada. Ao contrário, a cada quarta-feira o número de pessoas aumenta e a baderna assim vai tomando uma proporção gigantesca”, disse ela.
Choro
Em um áudio, enviado à 1h24min, outra moradora, chorando, relata a situação: “quarta-feira, 24 de maio, e a rua está um terror. Não sei de onde sai tanta gente. E o volume do som é tão alto que parece que está dentro do quarto com a gente. É uma coisa de louco. Estou muito assustada. Cada vez mais gente tomando conta da rua. É madrugada e não estamos conseguindo dormir novamente”.
Outro vizinho salientou que não adianta a polícia passar uma vez à meia noite e ir embora em seguida. “A polícia tem que estacionar viaturas ao longo da quadra da Dom Pedro e ficar ali. Assim evita que a aglomeração inicie. Eu duvido que as pessoas se acumulem na rua tendo com a Brigada Militar cuidando o local”. Também morador da rua Santa Cruz, e sem querer se identificar (alegando que já presenciou relações sexuais, excrementos e vômitos na porta de sua casa), reclama que o som vem de um único carro. O vizinho diz que a solução é a polícia retirar o carro com o som alto, citando que existe lei federal para isso, ao invés de aguardar por um projeto de lei local para resolver o problema. A reclamação também é de motociclistas acelerando e fazendo barulhos altíssimos com o escapamento dos veículos.
O que diz o secretário de Segurança
O secretário de Segurança Pública do Município, José Apodi Dourado, afirma que a Guarda Municipal tem trabalhado em conjunto com as demais forças de segurança no monitoramento das aglomerações. “Não existe toque de recolher no Brasil, logo, não existe legislação que proíba que as pessoas circulem ou permaneçam em via pública. Assim como não existe legislação que regre o horário de funcionamento de estabelecimentos, nem de tele-entrega de produtos. O que temos tentado é excluir o acesso de veículos nestes locais para que não haja perturbação por carros de som. Quando se libera a rua, aumenta o risco de conflito entre motoristas e as pessoas a pé. E os carros acabam se misturando com os pedestres, dificultando que os agentes das forças de segurança cheguem aos veículos responsáveis pela perturbação”, diz.
Ainda conforme Dourado, quase todas as semanas as equipes permanecem das 19h até às 6h da manhã no local. “E embora se registre grande aglomeração de pessoas, não existe a perturbação por veículo e motocicletas”, afirma. Nesta semana, especificamente, uma operação da Brigada Militar necessitou de apoio de agentes das demais forças e ocupou os efetivos municipais.
O que diz a BM
O comandante do 4º BPM, tenente-coronel Paulo Renato Scherdien, ressaltou que a questão da perturbação à tranquilidade é um assunto em pauta, através das forças integradas e do Executivo. “Existe um debate há bastante tempo e temos realizado diversas ações, preventivas e integradas todos os finais de semana”, salientou. Ele justificou que não são só os moradores da rua Gonçalves Chaves que têm problemas às quartas-feiras. “A Dom Joaquim e a Duque de Caxias apresentam esse problema no domingo; a avenida Bento Gonçalves, na sexta-feira e sábado. Temos a região do Porto em alguns dias da semana, assim como no Laranjal e outras regiões da cidade”.
Ele explica que há um projeto de lei que está na Câmara de Vereadores para que se tenha algumas ações regulamentadas e que se possa através do Poder Executivo, permitir, proibir e regulamentar horários de funcionamentos de alguns bares e estabelecimentos, regulamentando também alguns locais, proibindo outros, de que ali ocorram aglomerações. “Tudo isso está em debate. Já ocorreu uma audiência pública na Câmara e está em debate naquela casa para apreciação”.
Quanto aos policiais não comparecerem ao chamado alegando falta de segurança, o tenente-coronel Scherdien informa que sempre que a sala de operação recebe uma solicitação, é avaliada inicialmente a disponibilidade de viaturas e policiais para então despachar ao local. “Há situações em que a quantidade de pessoas ultrapassa a capacidade técnica para se fazer abordagens e revistas, de modo que o manejo seja feito de uma forma segura e adequada tanto para as pessoas quanto para os policiais”.
No caso específico de quarta-feira, o comandante Scherdien observou que vai avaliar se realmente houve os chamados e se havia disponibilidade de efetivo para aquele momento. “Temos uma demanda de diversas ocorrências na cidade e muitas vezes as viaturas estão em atendimento em outros locais”.
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